Sobre o futuro já presente
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É só parar para pensar, quem era você há um ano atrás? E o mundo ao seu redor?
No primeiro post do ano, vamos nos permitir ser um tanto quanto clichês. Demorei para descobrir sobre o que escrever, por ser meu primeiro contato com vocês, me torturei tentando encontrar o tema perfeito... e não encontrei nada que fugisse da nossa eterna expectativa do que está por vir. Não adianta: o ser humano adora imaginar o depois, e quando chegamos nesse momento estabelecido culturalmente como uma espécie de "rito de passagem", é quase impossível não gastar alguns minutos refletindo sobre os últimos 365 dias.
E aí, caímos inevitavelmente nas perguntas que deram início a esse texto. O ano que terminou, se iniciou já com uma bagagem, seja com o objetivo de realizar grandes feitos, seja apenas prometendo não repetir os mesmos erros. A tradicional lista de metas para 2015 ficou exposta pelos primeiros três meses, enquanto você riscava cada objetivo atingido, o que, sejamos sinceros, não costuma ser muita coisa. Depois disso, foi abandonada dentro de algum livro que você parou pela metade. Mas não, isso não é ruim e sabe por que? Porque você, eu, o motorista do ônibus, o professor da faculdade, o presidente da república somos seres em constante mutação.
Ideias, valores, sonhos, sentimentos, tudo é muito mais questão de estar do que ser. E por isso é natural chegar ao último dia do ano, olhar para traz e se reconhecer uma pessoa completamente diferente. Você muda e, por consequência, as pessoas e o ambiente ao seu redor mudam, como em uma reação de cadeia e ao contrário do que se prega, essa é exatamente a carta-chave. A liberdade de estar e de repente, não estar mais. É preciso compreender isso para fugir do martírio que se tornou rotina nos finais de ano: achar que nada valeu, simplesmente porque você não seguiu a risca uma lista feita por uma pessoa de um ano atrás, com vivências de um ano a menos, com uma visão um ano desatualizada. Isso é basicamente pedir para passar todas as viradas de ano com o mesmo sentimento de culpa.
Para esse ano novinho em folha, não espero nada demais. Faço listas pelo prazer de fazer e mais, pela graça de ver o quão diferente minha cabeça funcionava. As mudanças que estão por vir, em rumores de tempos inconstantes politica e economicamente, instauraram uma aura de medo sob o país, mas isso não pode nos limitar. Talvez, todo o mito entorno do dito popular "Ano Novo, vida nova" seja apenas a satisfação de planejar, de projetar, de idealizar e não queira dizer ao pé da letra que você precisa dar um giro 180 graus. Se o que você faz agora te faz feliz, por que a agonia de mudar? Se for para estabelecer alvos, que seja porque você quer e, se no meio do caminho eles perderem a graça, não se sinta mal por deixá-los para lá. Mude a direção. E se não for o suficiente, mude de novo. E continue mudando até se encontrar, até se perder e ter que se encontrar de novo.
O que temos para agora é uma visão turva dos dias futuros, mas estejamos abertos. Abertos para abraçar as mudanças, abertos para provocar as mudanças e para chegar ao final de 2016 sem o fardo da frustração. Que em seu lugar, tenhamos a leveza de saber que o que aconteceu, aconteceu por um motivo e que você se tornou uma pessoa não apenas pertencente à uma categoria extrema de melhor ou pior, mas uma pessoa diferente.
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