Um dia eu conheci um garoto que achava que era feito de ferro

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Um dia eu conheci um garoto que achava que era feito de ferro, achava que se fosse forte o suficiente nada o atingiria, que não amaria mais, não sofreria e nem choraria, não como da última vez, esse garoto se chamava Pedro e era alguns anos mais velho do que eu. 

A gente se conheceu brincando e – aparentemente – levamos tudo a nossa volta como se fosse uma de nossas brincadeiras da infância. Pedro tinha um sorriso cativante daqueles que fazem as pessoas se apaixonarem, o jeito em que conseguia deixar as coisas mais seguras para quem estava ao seu redor, Pedro era doce, aconchegante e gentil.

Por motivos que jurei nunca revelar, acabamos estudando juntos por mais tempo do que realmente pareceu, tinha dias que parecia uma eternidade, anos e anos, já outros em que tudo parecia escorrer rápido demais de nossas mãos. Ele era o pai, irmão, melhor amigo, inimigo e amor de várias garotas ao mesmo tempo, ele era o que se multiplicava em mil por quem amava.

Mas teve uma vez (ou várias), que o amor bateu forte em sua porta e tudo virou de ponta cabeça. Pedro tinha dúvidas, não queria ficar só e nem queria deixar de amar a quem ele já amava (ou achava que amava) e ele tinha o habito de amar, exageradamente, gente demais e com muita intensidade.

Então ele desistiu de tudo por alguns amores, esses que o amavam com igual intensidade (acredito), mas as coisas simplesmente não são como realmente teriam que ser, esses amores um dia tiveram um fim e ele solidificava seu coração cada vez mais a cada termino. Pedro tinha o péssimo habito de não conseguir ficar só, de fugir – indiretamente – para os braços de alguém e de ter (por necessidade) alguém nos seus.

Depois de muito tempo eu revi o Pedro, ele já não confiava no toque das pessoas, não confiava no amor e nem em quem poderia amar, ele ainda vivia repetindo para si mesmo: “Sou de ferro, de aço, indestrutível, impenetrável e ninguém precisa se preocupar comigo”, mas quando recebia um toque, ouvia a voz, sentia o cheiro ou olhava por 2 segundos no fundo dos olhos de quem um dia ele havia amado, sua armadura rachava, criava ferrugem e abria buracos, onde se formavam goteiras de saudades.


Um dia eu conheci um garoto que achava que era feito de ferro, achava que se fosse forte o suficiente nada o atingiria, que não amaria mais, não sofreria e nem choraria, não como da última vez. 

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